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The art of living

18
Mai20

Por aqui lê-se..... 5 dias de vida

Mafalda

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Este foi um livro que demorei muito temo a ler, a temática é pesada e tenho de admitir que me fez doer o coração à medida que avançava nas páginas. Relata-nos a história de uma mãe adoptiva, Mara, que tem doença de Huntington , uma doença degenerativa, neste caso de rápida evolução que provoca primeiro movimentos involuntários e depois morte prematura. 

Mara faz uma promessa a si mesma, cometer suícido antes de ser tarde demais para assim libertar a família de todos os constrangimentos que a sua doença traria. Neste livro somos apresentados brutalmente com a realidade da doença e do desespero de viver com ela, bem como com os últimos 5 dias de vida de quem decide torná-la mais curta.

Paralelamente é nos contada a história de Scott, um pai de acolhimento que tem apenas mais 5 dias com o menino que estava a acolher até este voltar para a mãe, uma toxicodependente em recuperação.

Arrepiou-me os pelos do braço e partiu-me o coração a cada capítulo, e, embora seja uma história fictícia mostra-nos uma realidade que milhares de pessoas enfrentam todos os dias. Para mim trouxe-me o lembrete que todos nós precisamos de tempo a tempo, que a vida é bela e que, vale a pena aproveitar as coisas simples, como o pôr do sol, as primeiras folhas nas árvores de um inverno duro, o som do mar a bater nas rochas.

Recomendo!

14
Mai20

Se um dia deixar de ser quem sou

Mafalda

Há várias coisas de que tenho medo. 

Tenho medo de abelhas, mosquitos (coisas assim que mordem ou sugam o sangue fazem-me confusão), tenho medo de aranhas, tenho medo de filmes de terror daqueles que toda a gente gosta. Também tenho medo de coisas menos palpáveis como a solidão. Tenho medo de um dia não me lembrar quem um dia fui.

Há tantas doenças dessas que andam por aí, que matam os neurónios no nosso cérebro, que fazem com que as nossas memórias se tornem numa papa pouco consistente que não nos permite lembrar do nosso primeiro beijo, ou dos nossos entre queridos, ou das aventuras que vivemos.

Tenho medo disso, de viver uma vida preenchida por amor, felicidade (e também algumas desilusões) e de não me lembrar. Não me lembrar das vezes em que o vento quente de junho me tocou na cara, não me lembrar como é o calor das mãos que nos amam quando se encaixam nas nossas, não me lembrar de como é sentir a chuva a cair sobre o nosso cabelo.

Não tenho medo de morrer, mas tenho medo que o meu ser morra antes de mim mesma.

Mas, mais medo do que perder a memória, um processo sobre o qual não tenho qualquer tipo de controlo, tenho medo de deixar de ser quem um dia fui. De deixar as morais sobre as quais me guiei durante toda a minha vida para me preocupar com coisas fúteis. Tenho medo de, voluntariamente, deixar a minha personalidade vincada que define quem sou e me tornar em café diluído em água: outrora forte, mas agora uma mistela semi-quente que não tem qualquer sabor.

Se um dia deixar de ser quem sou lembrem-me de que um dia fui, podemos sempre fazer uma chávena de café nova.

Most people's deaths are a sham. There's nothing left to die.

                                     - Charles Bukowski

11
Mai20

Aprender a ler com calma

Mafalda

A quarentena traz coisas boas e más (tendo a acreditar que maior parte delas são más porque há pessoas a morrer, e pessoas que continuam a ter de se expor todos os dias porque têm de ir trabalhar e injustiças dessas) e para mim trouxe-me uma coisa nova que nunca antes tinha experimentado. Ler, mas agora com calma, devagar.

Como já vos disse neste post sempre fui o tipo de miúda, mesmo quando era pequena, que lia 5 livros de uma vez (ou mais), rapidamente. Quase que nem dava tempo para os meus olhos pousarem nas palavras. Sinto que, talvez, isso se devia ao facto de sentir que a minha vida inteira nunca seria suficiente para ler tudo aquilo que queria ler.

No entanto, embora a minha vida em geral não tenha abrandado e até se tenha tornado mais complicada, este tempo em casa ensinou-me a ler da forma que sempre devia ter lido. A saborear cada palavra, a reparar na forma como estas pousam no papel.

Claro que continuo com medo de nunca conseguir ler tudo o que quero, mas o medo de me escaparem coisas em livros que já li (porque os li rápido demais) é maior.

Talvez seja por isso que não tenha havido esta semana o meu tão querido "Por aqui lê-se".

A verdade é que por aqui continua-se a ler, no entanto o ritmo é diferente.

 

07
Mai20

Amar... à distância

Mafalda

Ontem foi um dia agridoce por estes lados, foi o aniversário da minha avó e do meu tio. Em tempos normais teríamos partido rumo a casa desse meu tio que vive a 30 minutos de carro, e, teríamos festejado.

No entanto, em tempos de Covid tivemos de aprender a amar à distância, o que, não é nada fácil. Entre 4 ou 5 video chamadas e muitos parabéns ditos de um lado para o outro festejamos, e, mais tarde decidimos surpreender a minha avó que vive bem mais perto, com alguns cupcakes que fiz e com um ramo de flores, que são a coisa que ela mais adora.

Cantamos-lhe os parabéns na parte de fora da casa bem afastados dela (a minha avó é uma senhora de idade com problemas pulmonares e por isso todo o cuidado é pouco), os vizinhos juntaram-se a nós em desejar-lhe um bom aniversário, e acho que ela ficou um bocadinho mais feliz.

No entanto não houveram abraços, nem beijinhos, nem o contacto físico que nos faz sentir aconchegados por dentro. Amar à distância tem coisas destas, é difícil e doloroso, mas também nos trás alguma alegria, em tempos como este, saber que, alguém a 2 metros de distância nos ama de volta.

 

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(os ditos cupcakes e o ramo de flores)

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