O mundo tem de mudar (eis o porquê)
Muitas vezes apetece-me gritar com o mundo. Abaná-lo um bocadinho (a vossa sorte é ser baixinha e ter pouca força, se não já eram).
Um desses dias foi ontem. O André Ventura mais uma vez decidiu armar-se em palerma (tenho cá comigo que isto já andam a ser vezes a mais), e desta vez decidiu fazer uma manifestação contra um protesto de igualdade. Parece-me completamente ridículo, mas sabem o que me chocou mais? Ver que apareceram pessoas.
Eu sei que não foram assim tantas, nem a 300 deviam chegar, mas não é motivo preocuparmo-nos mesmo que só apareça uma?
Eu sei que não vivemos numa utopia, e que será muito difícil termos toda a gente a concordar com a igualdade, mas a igualdade não devia ser uma coisa que se concorda ou não. Não é uma opinião, é um direito básico.
Chego assim ao título deste post: O mundo tem de mudar. Para os meus leitores, que estão do lado de "todas as vidas importam" (se quiserem educar-se neste assunto recomendo vivamente este artigo), que pensam que fazer parte da comunidade LGBTQI+ é uma doença, que acham que a religião islâmica é o mesmo que terrorismo, que pensam que os estrangeiros, ciganos ou qualquer etnia nos rouba dinheiro e/ou trabalho, talvez seja a altura certa para ouvir este lado da conversa.
É verdade que sim, muitas vezes me apetece abanar o mundo e gritar-lhe, mas também me apetece estabelecer diálogo com o outro lado, falar sobre aquilo que interessa, tentar educar (e também ouvir) aqueles que querem aprender mais.
Acho que o problema do mundo é perder-se nas causas e focar-se demasiado nelas. E se pensarmos no panorama maior?
Todos estes movimentos que lutam pela igualdade, pela tolerância, pela compreensão são na verdade sobre pessoas. Pessoas como cada um de nós, que independentemente da crença religiosa, da orientação sexual, da cor da pele ou da etnia, têm família, e amigos e sonhos e desejos para o futuro. Na base do nosso ser somos apenas isso, humanos.
E se somos todos humanos, mesmo com todas as nossas diferenças, porque é que não merecemos todos o mesmo? E mesmo que o racismo não exista em Portugal (algo que discordo por completo, mas vamos imaginar esse cenário), não devemos lutar pela justiça globalmente? Não podemos tentar mudar algo, mesmo que esteja a acontecer do outro lado do oceano? O mundo tem de mudar, porque devia ser inato lutarmos por um mundo que seja JUSTO para todos.
O problema é fazer o trabalho de casa, e por isso, heis um desafio, porque sei que tudo o que é desconhecido é assustador: e se da próxima vez que um sentimento de medo, insegurança ou ódio surgir em relação a outra pessoa nos focarmos no que é igual? E, se o desconhecido é assustador porque não tentar que passe a ser conhecido? Travem amizades com aqueles que são diferentes de vocês, e com aqueles que têm crenças que não são semelhantes às nossas. O mundo tem de mudar (a boa notícia é que todos nós podemos ser parte da mudança).